sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Menopausa e "Andropausa"


Olá leitores! Venho mais uma vez falar a respeito de disfunções metabólicas que ocorrem com o processo de envelhecimento. Desta vez, o tema é bastante comum quando nos referimos ao envelhecimento e bem difundido na mídia: a menopausa e a “andropausa”.
Como já foi incessantemente frisado nas postagens anteriores, o processo de envelhecimento é acompanhado de inúmeras alterações endócrinas, sobretudo no que se diz respeito a modificações de níveis hormonais, o que acarreta deficiências na homeostase do organismo. Pois bem, os hormônios sexuais (por exemplo estrogênio e progesterona nas mulheres e a testosterona nos homens) não estão alheios a esse mecanismo e, por isso, seus níveis apresentam uma queda à medida que se envelhece. É justamente essa queda nos níveis desses hormônios em especial que promove o advento da condição conhecida como menopausa, nas mulheres, e “andropausa”, nos homens.     

Os principais atores relacionados à menopausa e “andropausa”: os hormônios testosterona e estrogênio
A redução progressiva do estrogênio que ocorre geralmente nas mulheres com mais de 50 anos promove efeitos em todo o corpo, acarretando a condição fisiológica da menopausa, também chamada de climatério. Nessa fase, os ovários, de maneira abrupta, tornam-se ineficientes e há o fim da ovulação.

Essa queda hormonal geralmente é acompanhada de diversos sintomas, como perda de libido, insônia, irritabilidade, depressão, sudorese noturna, ondas de calor, ressecamento da pele, do cabelo e da vagina, e ardor ao urinar. Em longo prazo, pode-se observar maior incidência de osteoporose, doenças cardiovasculares e declínio da memória.
A osteoporose, nesse caso, é resultado de uma degeneração da massa óssea, fazendo com que ossos fiquem porosos e enfraquecidos, aumentando o risco de fraturas. As doenças cardiovasculares ocorrem pelo fato de a queda de estrogênio acarretar um descontrole do metabolismo do colesterol, propiciando a formação de ateromas. O declínio da memória está relacionado ao fato de que a deficiência de estrogênio está associada a uma diminuição da produção de acetilcolina e do fluxo sanguíneo cerebral.
Em situação análoga à condição de menopausa nas mulheres, há a “andropausa” nos homens. É válido ressaltar, primeiramente, que essa denominação é conceitualmente errada, visto que não há uma abrupta falência das gônadas e fim da fertilidade, mas sim uma síndrome caracterizada pela deficiência progressiva do nível de testosterona (vide gráfico abaixo, que representa os níveis de testosterona em função da idade), acompanhada de hipogonadismo. Dessa forma, outra denominação mais adequada seria “deficiência androgênica do homem idoso”, porém o termo “andropausa” já está bastante difundido.

A testosterona tem, dentre outras funções, a de estimular a produção de espermatozoides nas células de Sertoli e, por isso, há um declínio nessa produção com a “andropausa”. A queda na taxa de testosterona está associada a alterações na sua síntese a partir do colesterol, o qual é o precursor da maioria dos hormônios sexuais. Com o processo de envelhecimento, há degenerações nas células de Leydig, que diminuem em número, ocasionando respostas inadequadas dos testículos ao estímulo gonadotrópico. Sendo assim, com a “andropausa” o processo de transformação do colesterol em testosterona não se realiza com eficácia e, consequentemente, há um prejuízo na produção de espermatozoides e em inúmeras outras atividades.
Antes da “andropausa”:

Com a “andropausa”:

Os sintomas da “andropausa” são, de certa forma, análogos aos da menopausa, incluindo aumento da proporção de gordura corporal e diminuição da massa muscular, perda de interesse sexual, dificuldade de ereção, queda de pelos, irritabilidade, insônia, depressão, além de osteoporose, declínio da memória e aterosclerose em longo prazo.
O tratamento para ambas as disfunções é, na maioria das vezes, baseado em terapia de reposição hormonal. O objetivo dessa reposição é promover uma manutenção da força muscular, densidade óssea, humor, libido e atividade sexual, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Entretanto, ela pode acarretar efeitos colaterais, como desenvolvimento de câncer de próstata ou de mama, insuficiência hepática, além da inconveniência de menstruação irregular nas mulheres.

Referências Bibliográficas:
Artigo “Deficiência hormonal no homem idoso” de Antonio Carlos Lima Pompeo, Alberto Tejada, Carlos Eurico Dornelles Cairoli.


Escrito por Matheus de Oliveira Andrade



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