terça-feira, 29 de novembro de 2011

Controle de qualidade proteico: a via de destruição por proteases

Proteases são enzimas proteolíticas, ou seja, têm a função de quebrar ligações peptídicas entre resíduos de aminoácidos que compõem uma proteína. É exatamente o que o leitor está pensando: é uma proteína que tem função básica de degradar outras proteínas. Muitos podem lembrar-se da importância dessas enzimas na digestão, porém aqui destacaremos a participação desse grupo enzimático no processo de envelhecimento.
Em post passado (HSP e o envelhecimento) foi discutida atividade das HSPs (heat shock protein) sobre proteínas danificadas por estresse externo, a qual envolvia basicamente a interação de HSPs e as proteínas para ajuda-las a recuperar suas conformações nativas caso estivessem em conformação não funcional. Esse mecanismo nem sempre é capaz de realizar essa recuperação, isso pode ocorrer quando, por exemplo, o conjunto de novas interações formadas na estrutura proteica danificada sejam tão fortes que impeçam o refolding(retorno à conformação nativa); assim, a célula desencadeia um processo que leva à degradação das proteínas danificadas no proteassoma, um complexo de proteínas capaz de degradar praticamente qualquer proteína.
Durante a vida as células ficam expostas a diversos danos externos, como radiação, metabólitos tóxicos e outros processos de perda de conformação e, portanto, de funcionalidade proteica; caso uma proteína sofra algum desses danos, ela pode voltar a sua conformação nativa por atividade das HSPs, se isso não for possível, Hsp70/ Hsp40 podem, em atividade alternativa, ajudar no reconhecimento da proteína anormal através da interação de sítios específicos de sua própria estrutura com carboxyl terminus of HSP-interacting protein (CHIP), uma proteína que inibe o refolding e catalisa a ubiquitinação da estrutura, marcando-a para ser levada até o proteassoma.
Ubiquitinar implica em anexar a proteína-alvo um número específico de proteínas chamadas ubiquitinas organizado em uma conformação também específica, essa ação tem função de “marcar” a proteína com alguma finalidade, que depende de cada situação, como o transporte desta até algum local da célula ou para sofrer alguma modificação; na situação analisada elas recebem a sinalização de que devem ser enviadas pra o proteassoma, onde serão degradadas com gasto de ATP.
Percebe-se que pela sua função o proteassoma é de grande importância para o controle de proteínas alteradas em células eucarióticas e, portanto, para a manutenção de integridade celular durante o envelhecimento. Infelizmente, como outros complexos proteicos, o proteassoma também está sujeito aos danos impostos pelo meio durante o envelhecimento e, como todos os mecanismos de manutenção celular, sofre declínio de sua atividade; por ser um mecanismo de finalidade semelhante ao de heat shock response (resposta a choque térmico, das HSP), o declínio de sua atividade acarreta nos efeitos também observados neste. Para uma melhor noção dos efeitos leia HSP e o envelhecimento.

Referências bibliográficas:

Escrito por: Luis Octavio Hauschild 

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