quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Alterações Tireoidianas, Metabólicas e o Processo de Envelhecimento


A glândula tireoide é um importante componente do sistema endócrino, desempenhando papel fundamental na homeostase do organismo humano. Os principais hormônios sintetizados por essa glândula são a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4), ambos derivados do aminoácido tirosina e com iodo em sua constituição. Esses hormônios atuam sobre as células do corpo em geral, aumentando sua atividade metabólica. A regulação da atividade da tireoide é realizada pelo hormônio tireotrófico (TSH), produzido e secretado pela adenoipófise. 

Quando a tireoide não está funcionando adequadamente pode liberar hormônios em excesso (hipertireoidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo). As disfunções da tireoide podem ocorrer em qualquer pessoa, entretanto alguns grupos são mais suscetíveis a essas alterações. A população idosa destaca-se pelo aumento considerável da incidência de doenças tireoidianas, o que revela a correlação direta entre envelhecimento e esse déficit endócrino. Essa relação evidencia, ainda, particularidades características da disfunção metabólica inerente ao processo de senescência.
O envelhecimento pode influenciar a bioquímica hormonal de diversas formas, dependendo do órgão endócrino em questão. Sendo assim, três mecanismos fundamentais assumem destaque nesse processo de alteração hormonal: 1) o envelhecimento pode levar a uma alteração primária na disposição metabólica do hormônio que poderá implicar em uma alteração secundária paralela na produção do hormônio; 2) o envelhecimento pode estar associado a uma alteração primária no ritmo de produção do hormônio, com alteração em sua concentração plasmática; 3) o envelhecimento pode estar associado a alterações na resposta tecidual ao hormônio. Considerando especificamente os hormônios tireoidianos, algumas destas alterações mencionadas parecem ser operativas nos idosos.
Apesar da complexidade envolvida na avaliação dos hormônios da tireoide em idosos (devido a maior incidência de doenças e uso frequente de fármacos, que podem influenciar a dosagem dos hormônios), há inúmeros estudos e publicações que trazem dados concretos a respeito da relação entre envelhecimento e disfunção da tireoide, avaliando as implicações metabólicas.
Um desses estudos1 avaliou o aumento da prevalência do hipotireoidismo subclínico nos idosos. Essa patologia é caracterizada por níveis de TSH acima do padrão de referência, com uma tiroxina sérica livre normal. Um aspecto interessante dessa disfunção glandular é que ela pode ser vista de um ponto de vista benéfico, principalmente para aqueles muito idosos. Isso porque ela pode refletir uma resposta protetora aos efeitos do envelhecimento, em particular aqueles associados às alterações no metabolismo.
Outro estudo2 analisou as possíveis alterações decorrentes do envelhecimento em um grupo de 198 indivíduos com idade variando de 50 a 85 anos e 106 filhos com idade de 11 a 49 anos (grupo controle). Os níveis séricos de T3 e T4 livre foram significativamente menores nos indivíduos mais velhos quando comparados com os filhos. De modo semelhante ao estudo citado anteriormente, este estabeleceu que a correlação inversa dos níveis de T3 e T4 livre com a idade pode refletir uma adaptação à menor necessidade dos hormônios com o envelhecimento.
A disfunção metabólica inata aos idosos se manifesta de diversas formas e, como demonstrado anteriormente, as alterações a nível endócrino são parâmetros relevantes para a avaliação do modo como o organismo se comporta diante de tais mudanças corporais. As alterações hormonais que agem como resposta protetora aos efeitos do envelhecimento trazem, dessa forma, um novo panorama para o estudo e as pesquisas sobre envelhecimento no meio científico da contemporaneidade.

Referências Bibliográficas:
(1)  Artigo “Abordagem do hipotireoidismo subclínico no idoso”, de Giselle Rauen, Patrick Alexander Wachholz, Hans Graf, Maurílio José Pinto. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2011 jul-ago.
(2)  Artigo “Estudo da função tireoideana em uma população com mais de 50 anos”, de Suzan C. L. Mendonça e Paulo T. Jorge. Departamento de Clínica Médica, disciplina de Endocrinologia e Metabologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.
http://www.anaesthetist.com/icu/organs/endocr/thyroid/Findex.htm#thyfx.htm (Acesso em 29/09/11) 
http://drcaiojr.site.med.br/index.asp?PageName=Tire-F3ide (Acesso em 29/09/11)                                                                                              

Escrito por Matheus de Oliveira Andrade

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