Como já foi abordado em outras postagens deste blog, uma das manifestações mais evidentes da síndrome da fragilidade é a redução da mobilidade do idoso. Sem dúvida o comprometimento muscular é o principal fator na dificuldade de locomoção, mas também há outro fator de grande importância (e que, como sugere o título, será abordado nesse post): a degeneração da cartilagem, especialmente da cartilagem articular.
A cartilagem articular, basicamente, amortece e dissipa forças e diminui a fricção entre os ossos reduzindo o desgaste ósseo. Essa função só é possível devido à constituição e estruturação de seus componentes, que conferem resistência e elasticidade. Vamos, então, a essa estruturação.
Ela é constituída pelas células secretoras da matriz (condroblastos e condrócitos) e pela matriz celular. As funções da cartilagem são consequências imediatas de sua constituição, principalmente de sua matriz extracelular, que é composta por colágeno, que confere a resistência a esse tecido, e os proteoglicanos (GAGs –glicosaminoglicanos- + proteínas), especialmente os carboxilados e sulfatados ( condroitin-4-fosfato e condroitin-6-fosfato), que, devido às cargas elétricas, se associam a moléculas de água. Esta maior hidratação favorece a resistência a forças de compressão, a absorção de choques e a nutrição das células desse tecido.
O condrócito, célula responsável pela produção da cartilagem, é regulado por é regulado por mediadores pró-anabólicos, que controlam mecanismos de produção e regeneração cartilagínea, e por mediadores pré-catabólicos, que promovem a degradação cartilagínea.
Os principais anabólicos são o IGF-1 e o TGF-β, devido às suas ações na síntese de proteoglicanos e, consequentemente da cartilagem articular. Já os principais responsáveis pela degradação (catabolismo) da cartilagem são as metaloproteases, as enzimas zinco-dependentes (divididas em colagenases, gelatinases e estromelisina), a IL-1, IL-6 e TNF-α.
Para bloquear a ação dos mediadores catabólicos e minimizar o desgaste cartilagíneo, há os inibidores tissuais das metaloproteases.
Com o envelhecimento, há um aumento da produção de metaloproteases, estimulado pela IL-6, que não é seguido por um aumento dos inibidores tissuais dessas metaloproteases. Dessa forma, predomina a degeneração da cartilagem.
Todo esse conjunto de alterações permite compreender porque os idosos são tão propensos a problemas articulares e a dificuldade de locomoção de indivíduos nessa faixa etária.
Escrito por Luís Fernando Amarante Fernandes
Referências bibliográficas:
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